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Processo criativo: Capa do livro “Quéssia”

Relato sobre o processo criativo da capa do livro “Quéssia I, II & III” do autor José Maria Tavares de Andrade

No final do último ano, recebi uma encomenda para ilustrar a capa de um livro. O livro em questão é “Quéssia – Tomos I, II & III”, uma coletânea de todas as narrativas escritas pelo autor José Maria Tavares de Andrade sobre o personagem Quéssia. José Maria é um autor experiente e um cliente gentil, pesquisador da Universidade de Strasbourg e orientando de um dos mais importantes filósofos da atualidade, o antropólogo Edgar Morin.

A relação com José Maria foi direta e, de forma bem sucinta, me explicou o que queria para a capa desta coletânea: uma ilustração que primasse pelo retrato de Quéssia. O personagem em questão, que dá nome ao título do livro, é uma figura real que viveu no Brasil, nas Guianas e em Nova York. Filho e neto de grandes curandeiros africanos que, entre seus feitos, deu nome à planta Quassia amara, famoso fitoterápico para impaludismo.

Giulio Ferrario, “Il costume antico e moderno”, Milão 1821

O pouco que sei sobre a ilustre figura, aprendi com a leitura que fiz do material compartilhado pelo autor, para auxílio no processo criativo da capa. A partir da imagem de referência que recebi (acima), elaborei o seguinte retrato:

Quéssia em roupa de gala, 2023.

A ilustração em questão foi realizada com lápis dermatográfico branco, lápis grafite e pintura à guache sobre papel kraft. Nos dias que levei realizando a pintura, estava viajando pela cidade de Petrópolis/RJ, a cidade Imperial, famosa por sua arquitetura, costumes e patrimônios da época do Brasil Império. Foi interessante apropriar toda a inspiração das vestimentas do séc. XIX que pude presenciar nos museus e galerias na elaboração da ilustração.

Como resultado final, a capa do livro ficou assim:

O livro Quéssia I, II & III do autor José Maria Tavares de Andrade é uma auto-publicação pela Amazon e ainda não tem data definida de lançamento. Acompanhe mais do trabalho deste autor CLICANDO AQUI

O Leão da Primavera

Numa das últimas vezes em que estive com meu padrasto, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro (antes de ele vir a falecer de covid em abril de 2021), passamos de carro por um quiosque, uma mercearia, um estabelecimento que não sei nem como chamar. Uma espécie de mercadinho alojado numa esquininha de Jardim Primavera.

– Pedro, eu não sei como esse lugar ainda se mantém de pé! – O Francisco me dissera. – Faz muito tempo que tá aí. Uns quarenta anos! Uma desgraça duma quitanda escura, sem cliente, não dá em nada. Os mesmos preços do supermercado, às vezes até mais caro. Não sei se eles vendem alguma coisa, não sei como eles sobrevivem, sinceramente.

Eu mesmo sempre fui apreciador de estabelecimentos antigos, tradicionais, daqueles que mudam nada ou pouca coisa e conseguem se manter de pé por muitos anos. Há neles uma energia que almejo, um espírito de constância, uma personalidade que envolve menos ganância e mais juízo sobre o que funciona ou o que não funciona.

Acontece que, visto de fora, o mercadinho parecia ser mais uma construção em homenagem ao congelamento do tempo. A indignação do meu padrasto sobre aquele mistério do mercadinho que não-se-sabe-como-está-de-pé-até-hoje, rondava ao redor de um incômodo, uma incógnita: como é possível que algo não se atualize perante a velocidade frenética das mudanças. Aquilo parecia para mim um reflexo da sua perspectiva sobre a necessidade de viver: uma labuta sobre alcançar, uma esperança sem fim de que as coisas vão (e precisam) crescer, engrandecer, melhorar, que não tá bom do jeito que tá.

Qualquer estilo de vida criativo se alimenta deste tipo de insatisfação como um combustível de ser/fazer. Se cedermos à este tipo de necessidade em caráter de urgência, no entanto, o que corre maior risco de acontecer é o desprezo pela tal constância citada que, afinal, tem seu valor.

Certas fórmulas funcionam, outras nem tanto. Alguns modus operandi deixam de funcionar com o tempo e novas soluções vão surgindo conforme se vive. É preciso estar atento e forte.

Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.

Dizem que foi o Che Guevara, mas eu duvido.
O LEÃO DA PRIMAVERA Ltda., mercadinho em Jardim Primavera, Duque de Caxias/RJ

Lançamento da Revista Palavra

Quando: 6 de outubro de 2022

Onde: Sesc Rio Branco (Natal/RN)

No início do ano recebi um convite muito especial do Sesc Brasil, mediado pela indicação dos queridos colegas do Sesc RN. O convite era para fazer parte do corpo de autores da Revista Palavra, uma publicação anual com nomes muito fortes da literatura nacional. Muito lisonjeado, levei um mês trabalhando em uma página de quadrinhos que pudesse abordar uma autorreferência sobre o papel do artista. A revista será lançada nesta quinta-feira onde estarei participando de uma conversa aberta nas presenças dos grandes Marcelino Freire, Manoel Cavalcante e Regina Azevedo. O evento é gratuito e conto com a presença de todos vocês.

Filmagens do episódio 2 de Sombras da Alma

Quando: 1, 2 e 3 de agosto de 2022

Onde: Pizzaria Panorama e demais locações em Belo Horizonte/MG

Foi com enorme prazer que aceitei o convite do amigo Gabriel para filmar um curta-metragem durante minha breve estadia em Belo Horizonte agora em agosto. As primeiras filmagens aconteceram ontem a noite. Foi um dos sets de gravação mais desafiadores da minha vida e eu realmente estou muito realizado com esta oportunidade. Na equipe estão a Bea França, o Ricardo, o Genaton, o Lucas Barbosa e o Gabriel, meu irmão Daniel que nos trouxe para BH. Só gente fina e boa! Ansioso para concluir mais este trabalho. A imagem destacada é um still do grande Lucas Teixeira.

Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte

Quando: 3 a 7 de agosto de 2022

Onde: Minas Centro, Belo Horizonte

Ter morado em Belo Horizonte me trouxe experiências profissionais muito ricas, a cidade tem um clima muito propício para a arte e é um pólo gráfico muito interessante de se observar. Por isso, é um prazer enorme anunciar que estarei com uma mesa de artista no FIQ BH 22. O evento não acontece desde 2018, se não me engano, mas será minha primeira vez. Vou dividir uma mesa com uma das mais dedicadas roteiristas que já conheci, a Milena Azevedo. Só coisas boas sobre isso tudo. Se você estiver por Belo Horizonte entre 3 e 7 de agosto, dê uma passada no Minas Centro para ver um pouco do meu trabalho e de outros artistas incríveis do mercado gráfico brasileiro.